“Clericalismo” é valer-se de uma autoridade religiosa para se obter vantagens pessoais ou obter vantagens estritamente políticas em matérias contingentes, em questões técnicas ou administrativas que não tocam diretamente, nem indiretamente em matéria de Fé e Moral, ou que contrariem a Fé ou a Moral. É uma usurpação da autoridade religiosa.
Clericalismo nada tem a ver com a devida e necessária subordinação essencial do Estado à Igreja no que concerne aos assuntos conexos com a Salvação das almas. Isto é simplesmente a Doutrina da Igreja, Catolicismo.
Clericalismo é o que faz a campanha da Fraternidade todos os anos, por exemplo. E não se vê nenhum desses “arautos da sã laicidade” darem um pio contra o maior e mais nefasto exemplo de clericalismo que ocorre todos os anos em nosso país.
O clericalismo da campanha da Fraternidade desvia os fiéis do recolhimento espiritual necessário que se deve ter de modo muito especial na Quaresma, período essencial para todo cristão, que é chamado a uma conversão profunda à vontade de Deus, para participar do modo mais frutuoso possível, dos méritos da Paixão e Morte de Jesus Cristo, que ocorre na Páscoa, época mais importante do calendário cristão. Tal época nos exige um espírito de desapego e afastamento das preocupações mundanas(das coisas que se encerram exclusivamente neste mundo), sem descuidar dos deveres de estado, mas sim santificá-los.
No tempo da Quaresma, uma conferência de bispos que induz os fiéis a dedicarem seus esforços em uma “consideração meditada dos biomas e no saneamento básico”, ou o que é pior, que ensina heresias e que promove aceitação tácita ou explicita do pecado de sodomia como se fosse uma questão de “identidade”; que afirme o ecumenismo que confere validade a todas as falsas religiões, excluindo a unidade e universalidade Salvífica de Jesus Cristo e de Sua Igreja(Una, Santa, Católica e Apostólica), que emprega de maneira distorcida e tortuosa “razões evangélicas” para assuntos contrários aos princípios da vida cristã, é simplesmente absurdo. A Doutrina Católica tradicional ensina que deve haver subordinação indireta do ministério temporal ao ministério espiritual, no que se refere ao âmbito de jurisdição, mas subordinação direta e essencial no que se refere ao fim sobrenatural que ambos possuem. Temas de ordem estritamente técnica cuja solução é de natureza extremamente variável e particular, fogem do âmbito de competência do múnus da Hierarquia, pois é uma matéria da esfera temporal de ordem primordialmente administrativa, cujos governantes devem prestar contas diretamente a Cristo Rei, e que portanto, cabe aos cidadãos e demais instâncias da estrutura política enquanto tal, resolverem por si próprios, não tendo a autoridade espiritual que dar solução alguma nestes âmbitos, pois não é de sua competência. A Igreja docente possui uma autoridade na ordem temporal em tudo o que toque à ordem moral, mas em questões de ordem técnica, ela não possui jurisdição nem competência, e portanto, os membros que compõem a Hierarquia não devem se valer de sua autoridade para vincular à consciência moral e religiosa dos fiéis, suas meras opiniões em assuntos contingentes. Muito menos devem defender erros doutrinais de nenhum tipo.
O completo silêncio dos “guerreiros da sã laicidade” com relação à campanha da Fraternidade, e a extrema diligência em contrariar de modo veemente e “organizadamente-desorganizado” os fiéis que defendem a Doutrina católica sobre a necessidade do estado enquanto tal, prestar culto formal e público ao Verbo Divino Encarnado, e reconhecer oficialmente seu Senhorio e Realeza sobre a sociedade civil a fim de obter suas bençãos e favores, auxiliando positivamente a Igreja em ordem à Salvação das almas, apenas evidencia a falta de suficiente retidão e a falta de fidelidade ao ensinamento infalível de Jesus Cristo, salvaguardado por Sua Igreja, que é Seu Corpo Místico, depositária de Sua Revelação.
Eles não são contra o “clericalismo” realmente entendido. Apenas querem negar a Realeza Social de Jesus Cristo. Apenas querem negar o ensinamento da Igreja.
Só acredito no “sadio anticlericalismo” de quem se posiciona explicitamente contra a campanha da Fraternidade. Explicitamente. De modo público e notório, conforme o seu estado.
De resto, é apenas liberalismo que se quer “católico”. Desculpa para contrariar a Doutrina da Igreja. É tratar Cristo como um “penetra/intruso que entra pela porta dos fundos da sociedade” e não como um Rei que tem seu lugar de honra, na qual não apenas os indivíduos e famílias, mas os estados e nações enquanto pessoa moral, devem adorar Deus Uno-Trino em espírito e verdade.”