por André Abdelnor Sampaio.
Após dois anos do nosso artigo contra os erros doutrinais de Olavo de Carvalho [1], e do texto no qual elencamos os principais sofismas e rotinas empregados por olavetes para tentar justificar, em vão, o heterodoxo [2], eis que nos deparamos com um olavete bem esbravecido que, além de lançar calúnias contra o professor Carlos Nougué, lança também insultos variados contra nós e contra o catolicismo tradicional, ou ao que ele imputa ser o “tradicionalismo”. Acusa-nos de “exagerados, uma seita que se julga a própria Igreja, que falta mediania, etc” — frases jogadas a esmo, fruto de um notório desconhecimento tanto da doutrina católica, como do trabalho do professor Nougué.
Em particular, estes sofismas vêm daqueles olavetes que se querem “ponderados”, que dizem reconhecer o trabalho e o mérito do Nougué, e até mesmo se dizem “tomistas”. Mas tudo isso não passa de uma máscara que esconde a falta de formação básica por não compreenderem a incompatibilidade dos ensinamentos de Olavo com a doutrina católica, e nem perceberem que os trabalhos de Carlos Nougué e de Olavo de Carvalho estão em sentidos opostos, e assim estiveram até a morte deste último.
A princípio, não daríamos maior importância porque o tal olavete esbravecido e desequilibrado não possui relevância alguma, e nem é intelectualmente respeitável, mas como seus pronunciamentos fazem eco às mentiras e slogans que há muito tempo certos olavetes (não raro influenciados diretamente pelo próprio Olavo) lançam contra Nougué e contra os católicos que desmascararam o perenialista da Virgínia, como Fedeli, Schlithler e outros, convém organizar uma reposta a esses expedientes repetidos. Para encerrar esta conversa, em desagravo aos grandes intelectuais católicos que nos precederam, em particular o professor Nougué, covardemente atacado por esta gente, elencamos aqui as principais rotinas, falsidades e sofismas cometidos pela legião, refutando-as de modo sucinto e definitivo, uma a uma.
“Rotinas e cacoetes mentais do olavete descontrolado que se quer ‘ponderado’ em relação ao Nougué, Fedeli, e ao Catolicismo.”
1- “Nougué cometeu o absurdo de criticar Camões, Baudelaire e outros cânones da literatura ocidental”.
Não percebe ou não quer perceber o olavete descontrolado que isto é irrelevante para o tema que estamos tratando. Toda a discussão em nosso site começou ao tratarmos dos problemas doutrinais de Olavo de Carvalho, e que não só Nougué ou este que vos escreve, mas Fedeli e Fernando Schlithler, Leonardo Brum e outros demonstraram muito bem. A legião de olavetes enfezadinhos incorre em desvio do tema constantemente porque parece pensar que se trata de uma disputa de egos. Ademais, avaliam a coisa por um critério errôneo, humanista. Não pelo ângulo de Cristo, pela doutrina católica. Não interessam para este assunto as opiniões de Nougué sobre Camões ou sobre outros autores. Perguntamos ao Nougué se ele é contra Camões. O tomista respondeu que não, mas frisou que Camões não é um modelo de arte cristã. Disse também que nunca se retratou desta posição. Então fica uma palavra contra a outra. E julgamos mais sensato acreditar no que o Nougue diz sobre si próprio do que nas palavras do olavete sobre o Nougue. Não afirmamos que o olavete esteja necessariamente mentindo, mas que pode ter se enganado, entendido mal o que foi dito. De todo modo, como dissemos, mesmo que por absurdo tal declaração fosse verdade, tudo isto é marginal e irrelevante diante do que estamos tratando.
2- “Nougué cometeu o absurdo de afirmar que Chesterton é o maior romancista do século XX, e isto faz com que sua obra “Arte do Belo” seja inteiramente desqualificada.”
Mais uma vez o desbalanceado e enfezadinho olavete comete certa impostura. Mesmo que se tome por absurda ou exagerada a opinião do Nougué sobre Chesterton, isto não é um tema doutrinal (relacionado à Fé ou à moral, nem em assuntos intimamente conexos), mas uma mera opinião. Isto não desqualifica a sua obra da “Arte do Belo”, o que seria um salto gratuito, grosseiro, um non-sequitur. Mais uma vez o olavete desvia para temas marginais ao ponto principal de nossa discussão.
3- “Nougué e Fedeli tinham inveja do Olavo, porque sempre sonharam em fazer o que ele fez; comparados ao Olavo, um amante da verdade que tem uma filosofia própria, Nougué e Fedeli são como anões intelectuais e morais”.
Tais falsas alegações, mesmo que fossem verdadeiras, não anulam em nada o argumento objetivo contra Olavo. Mirar questões de ordem pessoal em matéria de ordem estritamente doutrinal é desonestidade, impostura, apelação, baixeza típica de um… olavete, que aprendeu muito bem com o “mestre”. O olavete que se quer “ponderado” insiste em cometer o mesmo expediente desonesto. Uma pena. Mas não impressiona. É cópia da cópia. Como ele há muitos, e isto mostra o mal que Olavo produz nas almas.
Aliás, Olavo também é cópia da cópia. Ele não tem uma “filosofia própria” referente aos temas em que tratamos. Seu pensamento é uma colcha de retalhos que, em matéria de religião, defende ideias modernistas já condenadas pelo Magistério da Igreja, bem como um perenialismo mitigado defendido por Jean Borella (ainda que ele não reconheça, as teses são basicamente as mesmas), e grande parte teorias que ele tomava por suas (teoria das castas e tipologia espiritual, por exemplo) são tiradas de autores como Raymond Abellio e outros.
4- “Olavo não é mais perenialista. Ele fez uma refutação completa de Guénon e Schuon. O que Olavo defende é que a metafísica que estes dois alegam ser partilhada por todas as ‘religiões tradicionais’ como sua base, refere-se simplesmente à própria estrutura da realidade (princípio da identidade, da não-contradição, que há o plano sensível e o plano suprassensível, etc.)”
Reiteramos, por Caridade: qualquer um que ache isto está enganado. Caiu em um engodo e está empedernido nele. A “metafísica” que Guénon, Schuon e o próprio Olavo se baseiam não expressa a própria estrutura da realidade, não corresponde à metafísica do ser que é a única que coaduna com a Revelação divina.
As religiões ditas “tradicionais” NÃO TÊM a mesma base metafísica, elas não se correspondem. Nós demonstramos isto com clareza em nosso vídeo sobre perenialismo [3], e há outros trabalhos demonstrando isto, tratando especificamente sobre as Garras da Esfinge [4]. A “refutação” que Olavo faz a Guénon é superficial, e na verdade é uma reformulação dos mesmos princípios perenialistas, mas agora se valendo de termos cristãos, sem todavia expressar seu real conceito. Isto já fora demonstrado oralmente por nós, e também extensamente por escrito, a ser publicado em outro momento.
Dizer que Olavo afirma que as religiões possuem a mesma base metafísica porque dizem que A=A, ou se referindo aos princípios indutivos, é um delírio interpretativo, travestido de uma falsa e errônea noção de “Caridade”, que o olavete nos acusa de não ter. Bem, se for esta pseudo-Caridade confundida com mera lisonja e bajulação, certo culto informal de personalidade, que nega a verdade, por conta de um apego desordenado a alguém, de fato, esta “Caridade”, falsa, deturpada e nada cristã, nós não temos. Graças a Deus, porque ela impede o exercício efetivo da Caridade verdadeira, que não contraria a verdade, e sobretudo a Verdade de Fé.
Ao constatarmos este fato, não pecamos contra o “princípio interpretativo da Caridade”, nem somos infundados ou excessivos. O problema é que, além da má formação doutrinal, o olavete (tanto o que nos ataca, como o olavete em geral) tem um apego desordenado (e dá manifestações bem palpáveis disto) à pessoa do Olavo, o que o impede de analisar o pensamento olavista de maneira isenta e sóbria, de modo que não se quer ver o erro mesmo quando ele é demonstrado, e mostrado quando é evidente. Se não quer aceitar o que se demonstra, as conclusões a que chegamos também chegaram Fedeli, Nougué, Schlithler, padres e monges, mas o fanático olavete não os lê com isenção. Isto inviabiliza qualquer discussão sadia.
Ademais, há nestas rotinas olavéticas uma notória postura farisaica, no sentido técnico do termo. Porque aumentando o teor daquilo que é menos importante, diminui-se aquilo que é mais importante, o que é próprio de um espírito farisaico. Filtra-se mosquitos e engole camelos.
Enquanto “canoniza-se” autores de literatura e suas obras, reagindo de modo horrorizado como se estivesse diante de um escândalo quando criticam seus ídolos de papel (como parece ser o satanista Baudelaire e Camões, os “incriticáveis” no caso do nosso olavete), ao mesmo tempo tiram por menos erros doutrinais, que tocam a Fé. Corromper a Fé é infinitamente pior do que ter opiniões errôneas ou discutíveis em literatura, ou mesmo ter o senso literário corrompido. Não perceber isto indica perda do sentido sobrenatural, desvio da Fé e da reta razão.
Veja: ninguém de nós exigia do Olavo santidade ou perfeição. Mas sim o mínimo necessário para que se possa permanecer na Igreja: retidão doutrinal. Sobretudo da parte dele que é um intelectual que se quer católico.
A noção que o olavete descontrolado possui de “Caridade” aqui implica em dizer forçosamente e contra a evidência que Olavo não tem erros doutrinais. Ao passo que toma Camões e Baudelaire como cânones sacrossantos impassíveis de crítica ou mesmo de rechaço.
A reação que o adepto desta rotina tem é como se criticar estes autores fosse atentar contra um dogma sagrado. E veja só: dever-se-ia ter esta reação (ordenada, sem os palavrões e insultos que geralmente um olavete profere contra quem lhe objeta, imitando o falso mestre) com quem comete erros contra a doutrina católica. A falsidade religiosa (erro contra a doutrina da Fé) é o mais grave de todos os erros, ao qual não se admite tolerância.
Incorrer em erros doutrinais já definidos como tais pela Igreja é muito mais grave do que “corromper o senso literário”. Corromper a Fé é impedir o mínimo do mínimo para permanecer na Igreja, pois a comunhão com a Igreja nós temos primeiramente pela profissão íntegra da Fé católica. Mas o adepto deste sofisma parece ter faltado aulas de catecismo básico. Muita “alta cultura”, e nenhum catecismo, dá nisso… Então, back to basics.
5 – “Falta a estes ‘católicos tradicionalistas’ o devido ‘matiz filosófico’ para analisar o Olavo. São arrogantes, ignorantes. Não conhecem todos os tomistas do século XIX, e acham que o tomismo é Santo Tomás, Nougué e Padre Calderón. Uma piada.”
Resposta: Este é outro expediente olavete: apelar para um eruditismo vazio e eclético em temas paralelos ou em assuntos periféricos, ou exigir que se tenha uma cultura literária e ou mesmo filosófica em temas que se distanciam do assunto que tratamos. Primeiro, é preciso refutar o que se é apresentado. Coisa que o olavete, em nenhum momento faz. O que gente fanatizada como ele faz são desaforos, desvios do tema e ofensas pessoais à Fé católica, a nós, ao Fedeli e ao Nougué.
Mais uma coisa: ninguém afirmou que o tomismo consiste apenas em Santo Tomás, Nougué e Calderón. Isto é uma afirmação gratuita e estapafúrdia. O que se pode dizer é que Calderón (que o olavete admite nunca ter lido, e desqualifica sem ler, e isto sim, é uma ignorância presunçosa, das muitas que tal tipo de gente comete, mas parece não enxergar a trave no próprio olho, antes de apontar o cisco no dos outros) foi o melhor que já se leu. Isto o autor deste texto o subscreve. Mas não disse que havia lido todos.
O Nougué, sim, disse que Calderón é o maior tomista de todos os tempos, sem deixar de reconhecer a contribuição dos demais. Nós não o dissemos e não podemos falar isso publicamente com o mesmo conhecimento de causa, pois ainda não lemos todos os principais tomistas. Mas Nougué leu uma penca deles, senão todos os principais. Ainda que o olavete não creia, não queira reconhecer por mera teimosia fanática.
O direitista desequilibrado adepto desta rotina afirma que Nougué não leu todos os tomistas, mas o próprio desequilibrado nunca falou com Nougué a respeito disso, não fez seus cursos e, portanto, não sabe, e isto nos foi confirmado. Então a presunção e a arrogância vêm da parte dele. O fato é que não se pode, sem agir de má-fé, imputar a nós esta afirmação de que o tomismo é apenas Santo Tomás, Nougué e Calderón. Ninguém de nós disse isso.
Não se nega que Olavo tenha uma cultura literária monumental, que seja um erudito, que no varejo possa até despertar acidentalmente um interesse intelectual genuíno em alguém. Mas mera erudição não faz de ninguém um sábio (embora a sabedoria suponha ordinariamente considerável erudição, sem dúvida) e mais importante: não faz de ninguém ortodoxo. No atacado, a influência de Olavo não faz outra coisa senão a destruição das inteligências, deformação de consciências e desvio da Fé.
Ora, se satanás, por ter uma inteligência angélica, e em consequência, ser mais erudito e mais douto que os maiores gênios da humanidade, ensina o erro, por que os homens meramente eruditos não poderiam fazer o mesmo (no caso por mero engano ou por enganação)?
A suposta erudição do Olavo em temas distintos não anula seus erros doutrinais, e sim aumentam sua gravidade, dado que quanto mais se sabe, mais se exige um conhecimento certo do necessário por suas causas. E isto também se aplica em religião. Um intelectual católico não pode se considerar alheio ao saber teológico fundamental.
Assim como apelar para opiniões do Nougué em outros temas que não têm relação direta e íntima com a doutrina católica não faz dele um heterodoxo.
O autor desta rotina (e os que a emulam) diz que nos falta o “matiz filosófico”, e nós lhe respondemos: falta aos repetidores desta rotina formação doutrinal básica, amparada no Magistério tradicional da Igreja. É esta carência ou precariedade na formação católica um dos motivos os impedem de ver os graves problemas doutrinais do Olavo (não é o único, parece haver também razões ordem afetiva, manifestas, de claro apego fanático à pessoa dele, mas isto é também consequência da falta de sólida formação doutrinal), tornando-os incapazes de analisar as coisas pelo ângulo correto.
Não interessa para o ponto que tratamos o tal do “impacto” que Olavo teve na cultura nacional, o “impulso que ele teve na criação de uma nova direita”.
Tais coisas são de valor bem duvidosos (no sentido que são coisas ambivalentes), têm pontos positivos e negativos. E mesmo que tais coisas tivessem um valor indubitável, seria algo de ordem estritamente temporal, de caráter variável e caduca, algo sempre secundário diante da questão doutrinal-religiosa, que é sobre o que tratamos desde o início.
Afinal, de nada vale ganhar o mundo (as eleições, mudar a cena cultural, criar um movimento de direita, mudar o mercado editorial) e contribuir para a perda da própria alma. Pois sem Fé, é impossível agradar a Deus. E a Fé católica é a Fé em uma doutrina revelada, não só em sua dimensão ontológica (referente à realidade mesma que se crê), mas também em sua dimensão lógica (isto é, as proposições conceituais da doutrina, das fórmulas dogmáticas, do Credo e de sua explicitação dada pelo Magistério eclesiástico).
Foi a isto que Cristo se referiu quando disse: “Quem vos ouve, a Mim ouve”. Só temos acesso ao Verbo Divino pelo assentimento ao Magistério eclesiástico em seus devidos graus de autoridade.
Só se tem acesso à pessoa de Jesus Cristo através dos verbos mentais da doutrina revelada.
Esta é a principal diferença entre nós: afirmamos e demonstramos que os erros de Olavo são contra a Fé. Já o critério pelo qual um olavete (mesmo o mais culto) avalia Olavo é humanista, errôneo. Não é um critério católico. E um intelectual que se diz católico não pode se considerar alheio ao saber teológico fundamental, sobretudo quando se trata de temas afins.
Um olavete típico que repete estas mesmas rotinas esperneia e acusa (sempre sem provar, exigindo que se creia no SEU mero testemunho) de imposturas ou eventuais erros do Nougué em matéria literária e faz acusações pessoais sobre questões de foro interno de quem nem se conhece.
Conclusão:
É norma de prudência que não se deve discutir em particular com pessoas empedernidas, pois isto não traz fruto algum, senão que aumenta o embotamento da inteligência, gera incômodos que não alcançam um bem proporcional, e faz perder tempo e energia. Só devemos entrar em debates ou discussões com gente empedernida se for em âmbito público, para que se convença o público que o assiste (supondo que seja uma audiência idônea) da baixeza dos argumentos do adversário, e da justeza dos argumentos verdadeiros. Da feita que nosso desbalanceado direitista se manifestou publicamente a nosso respeito (com alcance nulo, mas exibindo as rotinas típicas do olavete que se quer “ponderado e cheio de matizes”), e lançando graves ofensas ao Catolicismo tradicional, e a pessoas caras a nós, entendemos por conveniente responder a estas rotinas para que pessoas não sejam enganadas por tais sofismas, que são lugares-comuns ventilados há muito tempo, sem que haja quem façam frente suficiente a estas mentiras.
Devido ao fanatismo e ao culto de personalidade dos discípulos de Olavo em torno do seu guru, é de se supor que tais pessoas se obstinem cada vez mais nestas mesmas rotinas e cacoetes sofísticos e calúnias, sendo um sinal de que se encontram empedernido e com risco bem próximo de pecar contra o Espírito Santo (senão que tal pecado já esteja em ato), por negar a verdade conhecida, esbravejando de modo canino, e gemendo de fúria passional ao modo suíno, e não devemos dar coisas santas aos cães, nem pérolas aos porcos. Mas há aqueles que, mesmo tendo um incômodo inicial ao serem contrariados em suas falsas certezas, buscam a verdade da Fé católica ainda que de início lhes contrarie, mas sabendo que não se pode ser realizado vivendo na mentira. Para estas pessoas que ainda guardam um pingo de boa vontade, bem como aqueles que não estão suficientemente esclarecidos, esperamos que este texto possa ser de alguma serventia.
Que Nossa Senhora, destruidora de todas as heresias, extirpe tais influências malignas de nossa Terra de Santa Cruz.
Referências
[1] https://centroavila.com.br/vii-motivos-pelos-quais-nenhum-catolico-deve-seguir-olavo-de-carvalho/
[2] https://centroavila.com.br/principais-sofismas-rotinas-e-cacoetes-mentais-para-disfarcar-os-erros-doutrinais-de-olavo-de-carvalho/
[3] https://youtu.be/R3dQ5-BVlzE
[4] https://www.veritatis.com.br/sobre-o-perenialismo/